quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vila Maria Zélia sofre descaso do governo, destaca jornal "Diário de São Paulo"

Vila Maria Zélia


Aqui foi uma sala de aula. Foto: Hélio Bertolucci Jr. © 2010


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Prédios de 1917 tombados pelo Condephaat deixam de ser reparados por entraves burocráticos e podem ruir

Fabio Pagotto

Entraves burocráticos podem pôr a perder parte do patrimônio histórico da Vila Maria Zélia, primeira vila operária do país, no Belém, Zona Leste. Tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), a vila tinha originalmente 200 casas e sete edifícios maiores de uso comum, incluindo uma capela.

Hoje restam 174 casas, a maioria delas já descaracterizada por reformas feitas pelos moradores. Dos prédios, um sofreu reparos de emergência. Outro em condições melhores é usado por um grupo de teatro e a capela está sendo reformada pela Cúria Metropolitana de São Paulo. Dois dos edifícios, as antigas escolas de meninas e de meninos, estão em estado crítico e podem desabar.

"É um crime ver isso acabar assim. Meu avô era tecelão na fábrica e eu estudei nessa escola. Aqui funcionou o primeiro curso de química industrial do país", diz, muito emocionado, Edélcio Pereira Pinto, o seu Dedé, de 62 anos, aposentado e morador da vila, considerado um livro vivo da história da Maria Zélia. "À exceção dos tijolos, todo o material do prédio é importado. O que resta do mármore das escadarias é de Carrara, na Itália. O pinho-de-riga é do Leste europeu", explica seu Dedé.

Com mágoa, aponta para o que resta da classe onde fez o primário. "Hoje esses prédios servem de abrigo para drogados. Tento mantê-los fechados, mas arrombam." Seu Dedé foi um dos que mais lutaram para que o Condephaat tombasse a vila e depois restaurasse os prédios. "Fiquei de 2000 a 2008 sem cortar o cabelo, até que começassem as obras, mas mal começaram parou tudo", lamentou.

Burocracia /Em 2006, a Prefeitura assinou convênio com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para restaurar os edifícios. Em 2008 realizou obras de reforço estrutural e limpeza em dois dos prédios. Porém, não entrou em acordo com a Previdência para iniciar as obras por causa de detalhes legais que impedem a Prefeitura de investir dinheiro em prédios que não sejam de propriedade do município. Enquanto isso, a deterioração avança. "Queria ver as escolas funcionando de novo, mas acho que tudo vai cair antes que alguém tome alguma providência", lamentou o aposentado Orlando de Matos, de 69 anos, morador da vila.

O INSS disse por meio de nota que rescindiu o contrato com a Prefeitura em agosto do ano passado, mas que a conservação de 2006 até essa data era responsabilidade do município. O INSS afirmou ainda que o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza manifestou interesse em adquirir os imóveis, mas não poderá dar uso aos imóveis por enquanto.

"Não há a possibilidade de uso operacional desses imóveis pelo INSS, que, por força da lei, não são passíveis de doação ou cessão. Atualmente, o INSS aguarda a análise da documentação solicitada pelo Centro Paula Souza para o andamento da venda desses imóveis", diz a nota.

Fonte da notícia (julho/11): Diário de São Paulo








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