quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um colosso adormecido

Hoje quero falar de uma grande construção, ou melhor dizendo, de uma grande construção fabril, localizada no bairro da Mooca. As antigas instalações da Antarctica Paulista.

No Wikipedia tem toda a história da cervejaria Antarctica, que aqui reproduzo alguns parágrafos. 

Fábrica Antarctica, Av. Presidente Wilson. Site: Saudades de Sampa

A Antarctica foi fundada em 1885 e inicialmente era um abatedouro de suínos, de propriedade de Joaquim Salles junto com outros sócios, localizada no bairro no bairro de Água Branca, na cidade de São Paulo.

A empresa possuía uma fábrica de gelo com capacidade ociosa e isso despertou o interesse do cervejeiro alemão Louis Bücher, que desde 1868 possuía uma pequena cervejaria.
Os dois empresários se associaram, e em 1888 criou-se a primeira fábrica de cerveja do país com tecnologia de baixa fermentação, com uma capacidade de produção de 6 mil litros diários. A Antarctica teve seu primeiro anúncio publicado no então jornal "A Província de São Paulo", atual estado de São Paulo, em março de 1889: "Cerveja Antarctica em garrafa e em barril - encontra-se à venda no depósito da fábrica à Rua Boa Vista, 50 [...]

[...] A sob a direção da Zerrener, Bülow & Cia. a empresa foi reorganizada e focou-se na fabricação de cerveja e refrigerantes. A partir de então recuperou-se e passou a crescer rapidamente,[2] sendo que em 1904 adquire o controle acionário da Cervejaria Bavária, na Moóca, que pertencia à Henrique Stupakoff & Cia. Neste local em 1920 passou a se situar a sede do Grupo Antarctica. [...]

 Fábrica da Antarctica bombardeada na Revolta de 1924. Site: Saudades de Sampa

A fábrica está fechada há mais de 10 anos. Em 2003 sofreu um grande incêndio, quando funcionarios da empresa Metaita Comércio de Metais, contratada pela Ambev, estavam no local  realizando o desmonte e a retirada de máquinas e equipamentos. Entre possíveis causas do incêndio foi a improvisação de uma maçarico ligado a um botijão de gás de cozinha, usado para cortar ferros.  Alguns partes próximas a antiga fábrica já foram demolidas, como a antiga Vila dos operários. 

O conjunto arquitetônico da Antarctica na Mooca está em processo de tombamento desde 2007 e até agora não deram alguma finalidade ao lugar. Algumas especulações dizem que ali até poderá funcionar o Museu da  Cerveja. De olho na grande área do seu terreno alguns projetos de torres de apartamento também estão sendo cogitados.

Em 2010 o prefeito Gilberto Kassab anunciou reurbanização da Mooca através da iniciativa privada reocupando às margens da linha férrea, marcadas por muitos galpões desativados e área invadidas. Isto quer dizer, vem ai mais demolições e pode incluir a fábrica da Antarctica.

Ali bem perto a antiga fábrica do açúcar União já foi totalmente demolida e lá está sendo construído o condomínio Luzes da Mooca. Ainda que por uma “bondade” o Conpresp solicitou que mantivessem a chaminé da fábrica. 

Será que o progresso de uma cidade só é medido com a quantidade de edifícios residenciais construídos? Onde fica a qualidade de vida, o lazer e a história da nossa cidade, do nosso país? 

Companhia Antarctica Paulista.
Fábrica Antarctica. 2007. Wilson Natale

E como será que está a fábrica hoje, em 2011? Não muito diferente de outros anos, encontra-se com os vidros das janelas todos quebrados, paredes pichadas, infiltrações, etc. 

Descobri rescentemente através do Flickr uma pessoa que fotografou a fábrica internamente e o que observamos que parece um cenário de guerra.

Mariana Mattar me autorizou utilizar suas fotos para ilustrar este post. Obrigado Mariana. 




3 comentários:

Cine São Paulo disse...

O BRASIL E SEUS BRASILEIROS NÃO TÊM JEITO! NÃO PRESERVAM MESMO, NADA! TUDO VIRA RUINAS POR AQUI. ACHO QUE POR ISSO QUE TEMOS UM POVO SEM MUITA LIGAÇÃO COM CULTURA E COM A SUA PRÓPRIA HISTÓRIA! UMA PENA UMA FABRICA DESSAS LARGADA DO JEITO QUE ESTA...

Anônimo disse...

Acho que ficaria lindo se esse predio fosse transformado em uma unidade do SESC.

Anônimo disse...

Brasil já é um pais submergente, e a galera quer preservar antigas construções ruínas sem utilidade publica, que servem somente como armazenadores de animais e insetos transmissores de doenças, afinal de contas ninguém vai para a vida pra cuidar de edifícios antigos só para "preserva-los". Quem entende, sabe que todo e qualquer edifício tem prazo de validade, seja o prazo curto ou longo. E pra reforma, com certeza haverão demolições, e com mais certeza, não ficará nunca igual ao "original". Vocês olhando num cidade grande como São Paulo é, procurando beleza colonias, e sabemos que, São Paulo foi feita pro comercio, e este não se sustenta se adequando ao antigo. Grande parte do PIB Brasileiro deve-se à construção civil, e, sem demolição não há construção.
O Brasil tem varias cidades do interior, ate mesmo de São Paulo, interior do nordeste, sul e afins, que preservam a cultura brasileira, sendo elas turísticas por este motivo. Mas, definitivamente, São Paulo em sua grande maioria, não cresceu até aqui pra parar no tempo.