quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sem-tetos invadem Creche Marina Crespi (Mooca em perigo)

Ontem se comemorou o Dia Nacional do Patrimônio Histórico e hoje vejo esta triste reportagem no Jornal da Tarde. 


É o que sempre me questiono. O que temos a comemorar? Não basta invadir, tem que saquear e destruir tudo! Como diz o jornalista Boris Casoy: "´É uma vergonha!" 

Luiz Guilherme Gerbelli

Moradores de rua invadiram o terreno da antiga Creche Marina Crespi, na Mooca, zona leste da capital. Inaugurada em 1933, a construção é defendida pelos moradores como patrimônio histórico e o seu tombamento está em analise no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

Ao todo, 56 famílias se dividem entre dois andares. No início, ocupavam o terreno apenas para dormir, mas, desde a semana passada, os novos moradores permanecem no local durante todo o dia.

A Associação Santo Agostinho (ASA), proprietária do terreno, promete entrar na Justiça com um pedido de reintegração de posso nos próximos dias. Na porta, duplas de Guardas Civis Metropolitanos se revezam dia e noite para impedir a entrada de novos invasores. O Boletim de Ocorrência para denunciar a ocupação foi feito na última quinta-feira.

“Vivemos uma situação difícil. Muitas famílias perderam as suas casas porque não têm emprego e não conseguem pagar o aluguel”, disse uma moradora que se identificou como Mel Rodrigues, de 30 anos. Ela está na creche junto com o marido, Roni, de 40 anos, e dois filhos. “Quem entrou foi chamando outra família que estava desabrigada.”

Para as janelas, as famílias improvisaram proteções contra o frio. Durante a noite, também armam um fogueira. Os moradores também aproveitam a água encanada para tomar banho e levar as roupas.
O teto do segundo andar já foi retirado. No local havia um projeto da construtora Eztec para a construção de um condomínio residencial de 73 metros de altura e 226 vagas de garagem. A empresa negou ser proprietária do local.

Ontem, a direção da associação esteve na reunião quinzenal do Conpresp e informou que entidade tem baixos recursos e vive de parcerias, por isso, não tem condição de realizar a manutenção necessária do prédio.

Até dezembro, a associação mantinha a Creche Marina Crespi em parceria com a Prefeitura. Sem condições financeiras de continuar a funcionar, cerca de 220 alunos foram transferidos para outras unidades.

Fonte da notícia: Jornal da Tarde



5 comentários:

Anônimo disse...

Desculpe, mas vou emitir a opinião como leiga, que acompanha o tema sem o olhar e a sua disciplina técnica ou metodológica.
Acho que o cerne da questão é o abandono do Poder Público, ou seja, concentrar atenção em tom alarmista, a partir de expressões como“Mooca em perigo”, invasão, significa, na minha opinião, perder a visão sistêmica da questão do patrimônio público como um aspecto estrutural do país. Assim, jogar os holofotes para o patrimônio de nossa cidade, colocando em foco o perigo da invasão de populações carentes na tradicionalíssima Mooca, expressa uma conotação “privativista” do espaço, deixando “de lado” a discussão ampla, sistêmica e abrangente da preservação do patrimônio.
Hélio,
Espero, sinceramente, parecer simplesmente leiga, mas não prepotente. Você sabe que eu acompanho o seu trabalho e já expressei a minha admiração em oportunidade anterior.

Regina

Hélio Bertolucci Jr. disse...

Opiniões sem são bem-vindas. Eu dei enfâse como "Mooca em perigo" justamente por ter colocado um série de post indicando algumas das mais antigas edificações do bairro que estão em perido de demolição. A invasão dos sem-tetos na Creche Marina Crespi é mais um dos problemas sociais deste país e não discordo da sua opinião. Faço um blog como cidadão e munícipe desta cidade e para mim também como leigo é salientar a beleza arquitetônica da cidade, sem levantar bandeiras sociais ou partidárias (rs). Trabalho aqui na Bela Vista e temos ruas invadidas há quase 1 ano por moradores de rua. A Prefeitura com seu precario serviço social não faz nada (sei porque me comuniquei com eles) e neste caso me orientaram chamar a polícia, que também tira o corpo fora. Agora, não podemos partir para "quem precisa que invada" porque podemos qualquer dia encontrar pessoas estranhas em nossas casas e se estas pessoas estão em imóveis que não lhes pertence, alguém com mais engajamento político social os orientou fazer isso. Mas, enfim, coisas de Brasil (rs).

Anônimo disse...

Desde essa invasão, o número de roubos e assaltos na região aumentou.
Seria coincidência?

Hélio Bertolucci Jr. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélio Bertolucci Jr. disse...

São complicadas estas situações. Só não entendo - entenda com um olhar de morador da cidade - como demoram tanto para tomarem posse novamente do imóvel. Tudo isso poderá também ser depredado, já que andaram arrancando portas, janelas, etc. O jeito é apelar à lei, se é que ela exista ou faça alguma coisa (rs).